Os valores da música digital

No final de novembro o Ecad começou a distribuir pela primeira vez os valores de direitos autorais pagos pelas empresas e usuários que utilizam músicas na internet. Nessa primeira distribuição foram arrecadados R$1,2 milhão que beneficiaram cerca de 8 mil músicos. Nas listas divulgadas pelo Ecad o perfil do consumo no meio digital se mostrou bem diferente de outros meios como as rádios e os canais de TV.

Esse consumo diferenciado no meio digital nos remete à teoria da "cauda longa", defendida pelo jornalista americano Chris Anderson em seu livro homônimo. Segundo Anderson, o futuro dos negócios não estaria mais em poucos hits que geram milhões e sim nos pequenos nichos, que somados superariam os grandes.

Mas a idéia de vender "menos de mais" não se mostrou totalmente aplicável ao mercado de música. Em entrevista para a Revista UBC, Will Page, economista-chefe da PRS for Music (principal sociedade de direitos autorais britânica), falou sobre a lacuna existente na teoria de Anderson: enquanto um extremo do mercado fica cada vez mais rico, o outro continua marcado pela baixa remuneração. (Leia a matéria completa na Revista UBC #6 - página 20.)

Na primeira distribuição de internet feita pelo Ecad as primeiras posições das listas são ocupadas por nomes como Chico Buarque, Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Rita Lee, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Nomes bem diferentes das primeiras posições das rádios e TV's, onde aparecem Victor e Léo, Fernando e Sorocaba, Thiaguinho e Lady Gaga, artistas em grande evidência. O público que ouve música na internet tem hábitos de consumo diferentes dos outros meios de comunicação.

Mas não são só os artistas que diferem, os números também são outros. Nesta primeira distribuição de internet, o Ecad distribuiu R$ 1,2 milhão que vem sendo arrecadado desde 2001. Um valor ínfimo comparado ao montante distribuído ao longo de 2010, que já atingiu mais de R$ 285 milhões. Comparado com a ideia da cauda longa, os pequenos nichos na internet ainda estão longe de gerar renda suficiente para sustentarem toda a estrutura do mercado de música, na prática são os grandes hits nos veículos tradicionais os responsáveis pelos grandes lucros desse mercado.

FONTE: UBC BRASIL (UNIÃO BRASILEIRA DOS COMPOSITORES)
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